Fazer o certo também é com você

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Você já ouviu falar sobre o experimento da ajuda?

Ele está descrito em sua inteireza no livro “Rápido e Devagar” do Daniel Kahneman – e é sobre ele que eu quero te provocar hoje.

Em resumo esse experimento comprovou que a chamada difusão da responsabilidade, que ocorre quando, em linhas gerais, a responsabilidade por alguma ação cabe a várias pessoas ao mesmo tempo, – ela induz pessoas normais e decentes a se comportarem de maneira pouco prestativa.

O experimento comprou que mesmo pessoas como nós, eu você, mesmo sendo pessoas corretas, dignas, ativas e atenciosas, temos uma propensão enorme à apatia quando sabemos que outros tantos como nós também podem agir em determinada situação.

Ficamos naquele chamado, deixa que eu deixo.

Eu ouvia muito de minha vó que cachorro com muito dono morre de fome.

Era disso que ela estava falando. Com tanta gente para alimentar o cachorro, todo mundo deixava essa ação para o outro e, como você pode inferir, ninguém alimentava o coitado.

O mais interessante desse experimento que comprovou o que vovó dizia é que como escreveu Kahneman, “mudar a mentalidade de alguém sobre a natureza humana é um trabalho difícil, mas mudar a mentalidade de alguém em relação ao pior sobre si mesmo é ainda mais trabalhoso.

Portanto é muito mais provável que você ao ouvir a afirmação de minha avó sobre o cachorro faminto é de que você diga: “é verdade as pessoas são assim mesmo, elas deixam uma para as outras as obrigações e ninguém as realiza”, mas, você pensa, se eu estivesse no lugar de uma delas teria alimentado o cachorro. Dificilmente você aceitaria o fato de que nas mesmas condições haveria sim uma grande probabilidade que agisse da mesma forma em condições normais.

Claro que as taxas base casuísticas mudariam muito, se por uma sorte você por exemplo fosse alguém profundamente engajado nas causas desses pequenos pets.

Fico então pensando nesses efeitos dentro das organizações.

Você um profissional exemplar, proativo, focado, cuidadoso, interessado e que entende perfeitamente que a responsabilidade pela qualidade dos produtos ou serviços são de todos os colaboradores. E se é de todos não tem um dono específico. Se não tem um dono específico, quem o alimenta diariamente com as pequenas ações?

Essas pequenas ações diárias causarão em cadeia um resultado catastrófico se não atendidas ou um resultado acima da média se forem concretas e sistemáticas.

Minha provocação hoje é: não subestime a quantidade de vezes em que você, mesmo sendo um excelente profissional, pode deixar as ações que respondem pela qualidade ou tantos outros assuntos essenciais para a sua organização, para outros pensando que se fosse com você aquilo não passaria despercebido.

Como agir? Lembra do “o orai e vigiai”? É isso.

Você, eu e todos que conhecemos estamos estatisticamente contemplados no experimento da ajuda e da responsabilidade difusa. Pense nisso, olhe para o lado com humidade e se pergunte – o que estou deixando passar? O que estou esperando que alguém faça com a certeza de que se fosse comigo eu faria. Afinal é com você…também.

Ricardo Vandré

Ricardo Vandré

Consultor da HSM e Palestrante na Fadel Palestrantes

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